O plantel mais caro do mundo!!

O plantel mais caro do mundo!!
Jogam sujo, recebem muito, viciam o jogo e perdem sempre...

08/03/2009

As monstruosidades do sistema


A ler - e reler - e reler.

O "Jornal de Negócios" oferece dezenas e dezenas de exemplares na Universidade de Évora (alguns dos nossos alunos de gestão e de economia serão os futuros negociantes-mor). Às sextas o Baptista-Bastos escreve.
O artigo desta semana é notável. Passo a transcrever (e penso que não é preciso comentar: toda a gente normal subscreveria). No fim vai o link (se preferir)
O conceito de empresa pública e empresa privada não possui as disjunções que, habitualmente, lhes são atribuídas. Em ambas os dinheiros são sempre públicos: ou através dos depósitos bancários, ou nos empréstimos contraídos. Os dinheiros serão nossos, adquiridos com o nosso trabalho ou as nossas poupanças. Não constitui nenhuma novidade, o que digo. Depois, os malabarismos dos poderes fazem a soma e o resto. As democracias articulam-se neste sistema. E como não há democracias perfeitas, os sistemas inclinam-se, obviamente, em benefício daqueles que estatuem os códigos, as leis e as regras. Significa que o sistema está repleto de monstruosidades.
O caso da extraordinária reforma do dr. Paulo Teixeira Pinto obedece a esse sistema. Claro que brada aos céus, e Deus ficará certamente incomodado, que o dr. Teixeira Pinto, dedicado católico e ex-zeloso membro do Opus Dei, vá auferir, até ao remate final dos seus dias, uma reforma equivalente a 7 500 contos mensais. Diz-se, também, que recebeu 10 milhões de euros, como indemnização, por ter saído do BCP. Naturalmente, os céus não vão chorar, nem Deus dará sinais de inquietação por tal desconchavo.
Dizem-me que o dr. Paulo Teixeira Pinto, independentemente do ar tenebroso que ostenta, é homem de riso fácil e fina ironia, além de não confundir Kiri Te Kanawa com Madalena Iglésias, nem Thomas Bernhard com Lobo Antunes. Até se diz que, contrariando as indicações do Índex Librorum Prohibitorum, sempre foi leitor entusiasta de autores apontados à execração. Enfim: pessoa prevenida, reservada, cauta e perigosa. Porquê?, perguntará o Dilecto. Ora: um sujeito assim dotado representa ameaça para uma "elite" que faz gala da ignorância e exposição radiante das suas riquezas. Não será, porventura, muito cristão aceitar tamanho maço de notas, quando há dois milhões de portugueses com fome, meio milhão de desempregados e o resto completamente desesperado. Isto dirá, ressentido e colérico, todo aquele que não recebeu, durante uma vida de trabalho, metade do que o dr. Teixeira Pinto receberá por ano. Eu, não o direi. Espero é que o dr. Teixeira Pinto não apareça nas televisões a conclamar a necessidade de sacrifícios – como o outro reformado com 3 600 contos mensais, por seis meses de "função" na Caixa Geral de Depósitos.
Independentemente dos conceitos de "privado" e de "público" há algo de imoral nestas reformas sumptuosas. E o próprio conhecimento desses aleijões separa, cada vez mais, o grupo de privilegiados detentor dos vários poderes, e aqueles que, por infortúnio ou desgraça de classe, servem de trampolim às escaladas triunfantes. É evidente que o dr. Paulo Teixeira Pinto, a quem desejo longa e jubilosa vida, boas leituras e cuidadoso resguardo, não irá distribuir os 7 500 contos pelos pobres da freguesia em cuja igreja vai orar. Porém, no seu íntimo, nos arcanos das
suas reflexões, certamente admitirá que é dinheiro a mais aquele que auferiu e que auferirá – fora os trocos.
Dá para reflectir. E acrescente a essa reflexão o elucidativo texto de Maria João Gago, publicado neste jornal, na terça-feira, dia 22, p.p., sob o título: "Reformas de ex-gestores do BCP superam custos da OPA ao BPI."
Sabe-se: este numerário escandaloso, oferecido a reformados de luxo, não é de agora. Sobre o dr. Cavaco, actualmente com tanta indignação pelos acontecidos, impende, também, ou talvez sobretudo, parte substancial da responsabilidade pela subida surpreendente das somas destas aposentações.
Quando primeiro-ministro, não as travou. E, igualmente, distribuiu sinecuras e tenças por muitos daqueles que o apoiaram. Dir-se-á: ingenuidades de iniciado. Direi: manhosice e astúcia. Um homem sério não é, apenas, o que não põe a mão nos bolsos dos outros. É aquele, quase
irrepreensível, que espalha, em seu redor, a ética do despojamento e da integridade, com a exigência do espírito de missão. Evidentemente, o dr. Cavaco é um homem sério, nesse sentido doméstico, porém nobre, da expressão. Mas repare-se na ascensão, por vezes meteórica, de quase todos aqueles da corte.
Creio que as advertências do dr. Cavaco não vá cair em saco roto. Dois anos após a sua posse, torna-se cada vez mais notório que é ele quem dirige as linhas fundamentais da governação. Hirto, grave, imperturbável, vai indicando erros na saúde, na educação, nos excessos da distribuição dos rendimentos. Subrepticiamente critica o aumento do desemprego, a ausência de alternativas. Sustentou o que era sustentável, segundo a lógica da sua ideologia. Não esqueçamos que, apesar de tudo, o dr. Cavaco é conservador. Apesar de tudo, porque sua mulher se afirmou de centro-esquerda. Se as mulheres exercem influência sobre os homens (eu que o diga!), então bem-aventuradas sejam – e, neste particular, a dr.ª Maria Cavaco!

APOSTILA 1 – Na última sexta-feira, a RTP2 exibiu um documentário impressionante, "Fantasmas de Abu Ghraib", cujo conteúdo indica, inequivocamente, George W. Bush e Donald Rumsfeld como sinistros criminosos de guerra. As práticas recomendadas por aqueles dois cavalheiros, a fim de se obter informações, a todo o custo e a qualquer preço, de prisioneiros no Iraque – mas, também, em Guantanamo -, ferem os mais elementares direitos humanos e provocam a indignação e a cólera em todos os homens de bem. Além de terríveis depoimentos prestados por torturados, apresentam-se outros, pungentes, dos torturadores. O documentário merecia um debate. Sobretudo com a presença daqueles comentadores "independentes" que caucionaram a invasão naquele país e, até agora, não manifestaram o mínimo remorso nem apresentaram a menor desculpa. A visão de "Fantasmas de Abu Ghraib" trouxe-me à memória o pobre do Durão Barroso, sorridente, venerador e obsequioso, a servir de mordomo, nos Açores, aos três senhores da guerra: Bush, Blair e Aznar. Têm sido todos promovidos. O Blair, agora, até se autopromoveu a católico. Mas não consta ter confessado os crimes de que é corresponsável. Quanto ao Barroso, parece estar interessado em voltar a "liderar" o PSD. Deus perdoar-lhes-á? Já lhes perdoou?
APOSTILA 2 – O extraordinário ministro Correia de Campos afirmou, na terça-feira, a Mário Crespo, na SIC-Notícias, que estava a ferir os interesses das corporações. Só se for as corporações de doentes.

Baptista Bastos
As monstruosidades do sistema
Recebi por e-mail e porque achei interessante aqui pblico este artigo de opinião autoria do muito conhecido Baptista Bastos

2 comentários:

  1. Norte como ele é... [visto por Miguel Esteves Cardoso (Lisboeta)]

    E VIVA O NORTE
    Primeiro, as verdades.
    O Norte é mais Português que Portugal.
    As minhotas são as raparigas mais bonitas do País.
    O Minho é a nossa província mais estragada e continua a ser a mais bela.
    As festas da Nossa Senhora da Agonia são as maiores e mais impressionantes que já se viram.
    Viana do Castelo é uma cidade clara. Não esconde nada. Não há uma Viana secreta. Não há outra Viana do lado de lá. Em Viana do Castelo está tudo à vista. A luz mostra tudo o que há para ver. É uma cidade verde-branca.
    Verde-rio e verde-mar, mas branca. Em Agosto até o verde mais escuro, que se vê nas árvores antigas do Monte de Santa Luzia, parece tornar-se branco ao olhar. Até o granito das casas.
    Mais verdades.
    No Norte a comida é melhor.
    O vinho é melhor.
    O serviço é melhor.
    Os preços são mais baixos.
    Não é difícil entrar ao calhas numa taberna, comer muito bem e pagar uma ninharia.
    Estas são as verdades do Norte de Portugal.
    Mas há uma verdade maior.
    É que só o Norte existe. O Sul não existe.
    As partes mais bonitas de Portugal, o Alentejo, os Açores, a Madeira, Lisboa, et caetera, existem sozinhas. O Sul é solto. Não se junta.
    Não se diz que se é do Sul como se diz que se é do Norte.
    No Norte dizem-se e orgulham-se de se dizer nortenhos. Quem é que se identifica como sulista?
    No Norte, as pessoas falam mais no Norte do que todos os portugueses juntos falam de Portugal inteiro.
    Os nortenhos não falam do Norte como se o Norte fosse um segundo país.
    Não haja enganos.
    Não falam do Norte para separá-lo de Portugal.
    Falam do Norte apenas para separá-lo do resto de Portugal.
    Para um nortenho, há o Norte e há o Resto. É a soma de um e de outro que constitui Portugal.
    Mas o Norte é onde Portugal começa.
    Depois do Norte, Portugal limita-se a continuar, a correr por ali abaixo.
    Deus nos livre, mas se se perdesse o resto do país e só ficasse o Norte, Portugal continuaria a existir. Como país inteiro. Pátria mesmo, por muito pequenina. No Norte.
    Em contrapartida, sem o Norte, Portugal seria uma mera região da Europa.
    Mais ou menos peninsular, ou insular.
    É esta a verdade.
    Lisboa é bonita e estranha mas é apenas uma cidade. O Alentejo é especial mas ibérico, a Madeira é encantadora mas inglesa e os Açores são um caso à parte. Em qualquer caso, os lisboetas não falam nem no Centro nem no Sul - falam em Lisboa. Os alentejanos nem sequer falam do Algarve - falam do Alentejo. As ilhas falam em si mesmas e naquela entidade incompreensível a que chamam, qual hipermercado de mil misturadas, Continente.
    No Norte, Portugal tira de si a sua ideia e ganha corpo. Está muito estragado, mas é um estragado português, semi-arrependido, como quem não quer a coisa.
    O Norte cheira a dinheiro e a alecrim.
    O asseio não é asséptico - cheira a cunhas, a conhecimentos e a arranjinho.
    Tem esse defeito e essa verdade.
    Em contrapartida, a conservação fantástica de (algum) Alentejo é impecável, porque os alentejanos são mais frios e conservadores (menos portugueses) nessas coisas.
    O Norte é feminino.
    O Minho é uma menina. Tem a doçura agreste, a timidez insolente da mulher portuguesa. Como um brinco doirado que luz numa orelha pequenina, o Norte dá nas vistas sem se dar por isso.
    As raparigas do Norte têm belezas perigosas, olhos verdes-impossíveis, daqueles em que os versos, desde o dia em que nascem, se põem a escrever-se sozinhos.
    (continua)

    ResponderEliminar
  2. Continuação
    Têm o ar de quem pertence a si própria. Andam de mãos nas ancas. Olham de frente. Pensam em tudo e dizem tudo o que pensam. Confiam, mas não dão confiança. Olho para as raparigas do meu país e acho-as bonitas e honradas, graciosas sem estarem para brincadeiras, bonitas sem serem belas, erguidas pelo nariz, seguras pelo queixo, aprumadas, mas sem vaidade. Acho-as verdadeiras. Acredito nelas. Gosto da vergonha delas, da aneira como coram quando se lhes fala e da maneira como podem puxar de um estalo ou de uma panela, quando se lhes falta ao respeito.
    Gosto das pequeninas, com o cabelo puxado atrás das orelhas, e das velhas, de carrapito perfeito, que têm os olhos endurecidos de quem passou a vida a cuidar dos outros. Gosto dos brincos, dos sapatos, das saias. Gosto das burguesas, vestidas à maneira, de braço enlaçado nos homens. Fazem-me todas medo, na maneira calada como conduzem as cerimónias e os maridos, mas gosto delas.
    São mulheres que possuem; são mulheres que pertencem. As mulheres do Norte deveriam mandar neste país. Têm o ar de que sabem o que estão a fazer. Em Viana, durante as festas, são as senhoras em toda a parte.
    Numa procissão, numa barraca de feira, numa taberna, são elas que decidem silenciosamente.
    Trabalham três vezes mais que os homens e não lhes dão importância especial.
    Só descomposturas, e mimos, e carinhos.
    O Norte é a nossa verdade.
    Ao princípio irritava-me que todos os nortenhos tivessem tanto orgulho no Norte, porque me parecia que o orgulho era aleatório. Gostavam do Norte só porque eram do Norte. Assim também eu. Ansiava por encontrar um nortenho que preferisse Coimbra ou o Algarve, da maneira que eu, lisboeta, prefiro o Norte. Afinal, Portugal é um caso muito sério e compete a cada português escolher, de cabeça fria e coração quente, os seus pedaços e pormenores.
    Depois percebi.
    Os nortenhos, antes de nascer, já escolheram. Já nascem escolhidos.
    Não escolhem a terra onde nascem, seja Ponte de Lima ou Amarante, e apesar de as defenderem acerrimamente, põem acima dessas terras a terra maior que é o "O Norte".
    Defendem o "Norte" em Portugal como os Portugueses haviam de defender Portugal no mundo. Este sacrifício colectivo, em que cada um adia a sua pertença particular - o nome da sua terrinha - para poder pertencer a uma terra maior, é comovente.
    No Porto, dizem que as pessoas de Viana são melhores do que as do Porto. Em Viana, dizem que as festas de Viana não são tão autênticas como as de Ponte de Lima. Em Ponte de Lima dizem que a vila de Amarante ainda é mais bonita.
    O Norte não tem nome próprio. Se o tem não o diz. Quem sabe se é mais Minho ou Trás-os- Montes, se é litoral ou interior, português ou galego? Parece vago. Mas não é. Basta olhar para aquelas caras e para aquelas casas, para as árvores, para os muros, ouvir aquelas vozes, sentir aquelas mãos em cima de nós, com a terra a tremer de tanto tambor e o céu em fogo, para adivinhar.
    O nome do Norte é Portugal. Portugal, como nome de terra, como nome de nós todos, é um nome do Norte. Não é só o nome do Porto. É a maneira que têm e dizer "Portugal" e "Portugueses". No Norte dizem-no a toda a hora, com a maior das naturalidades. Sem complexos e sem patrioteirismos. Como se fosse só um nome. Como "Norte". Como se fosse assim que chamassem uns pelos outros. Porque é que não é assim que nos chamamos todos?».

    Miguel Esteves Cardoso

    ResponderEliminar

A história dá boas lições que os governantes teimam em não aprender.

A história dá boas lições que os governantes teimam em não aprender.
Os nossos governantes dizem e fazem precisamente o contrario do que já os imperadores da Roma antiga sabiam.