O plantel mais caro do mundo!!

O plantel mais caro do mundo!!
Jogam sujo, recebem muito, viciam o jogo e perdem sempre...

10/05/2010

Bom dia à TSF e aos radio-ouvintes e muito obrigado por poder participar.

Bom dia à TSF e aos radio-ouvintes e muito obrigado por poder participar.
O meu nome é Gabriel Órfão Gonçalves e sou jurista e professor no ensino particular

Eu gostava de falar do TGV e, se houver tempo, do Aeroporto.
Ora bem, em primeiro lugar, nós temos, de um vez por todas, de deixar de falar em TGV. TGV quer dizer Train à Grande Vitesse. TGV refere-se portanto ao comboio. Ora nós nesta altura não deveríamos estar a falar do material circulante, isto é, do comboio, mas sim da infra-estrutura ferroviária, das linhas férreas, das suas especificações.
Ora o grande problema de Portugal é ter um bitola – que é a distância entre carris – que é diferente da bitola dos caminhos de ferro da Europa. Não é possível que um comboio português siga directamente de Portugal para a Europa além-Pirinéus. Não é possível, ponto final. Isto faz com que toda a importação e exportação feita com a Europa além-Pirinéus seja feita por camião TIR, que fica muito mais caro que o comboio. Tenho à minha frente um documento do MOP que diz que em 2008 nós importámos 0 toneladas da Europa por comboio e exportámos 8 toneladas. Isto é uma vergonha.
Se Portugal não mudar a sua bitola, da ibérica para a europeia, ficará completamente isolado, ferroviariamente, da Europa. E ficará porque a Espanha está a avançar a todo o vapor para as ligações por bitola europeia com França, concretamente nas linhas Irun/Hendaye-Dax-Bordéus, no extremo oeste do istmo peninsular ibérico, e Barcelona-Figueras-Perpignan-Montpellier, no extremo oposto (leste).
Nessa altura, como é que fica Portugal em relação com a Europa? Fica isolado.
Ora bem, as pessoas dirão então que o TGV é fundamental, para fazer esta ligação. Não é. Falar de TGV em vez de falar de linhas férreas é como falar de Ferraris em vez de falar de estradas. Isto é um discurso de malucos. E a comunicação social tem culpa ao falar constantemente em TGV, quando devia falar em caminhos de ferro. [A TSF interrompeu-me o discurso aqui e não me deixou continuar. Antes tinha falado a ex-secretária de Estado Ana Paula Vitorino que falou, falou, falou, e só disse… enfim. A seguir a mim veio o António Mendonça. Fiquei literalmente entalado entre dois monstros sagrados da ferrovia!] O TGV não é caminho de ferro, é um comboio! Nós não devemos importar comboios. Devemos ser nós a fazê-los com o mínimo recurso possível a know-how estrangeiro. Mas devem ser feitos cá dentro, com operários portugueses. Eu ainda não ouvi uma única palavra dos nossos deputados sobre a necessidade de reabrir a Sorefame, uma empresa ferroviária e metalúrgica que na década de 80 ganhou um concurso internacional para fazer 200 carruagens para o metro de Chicago! (Cf. Wikipédia.)
Ora bem, as pessoas do povo que defendem o TGV fazem-no de boa fé, mas é tempo de perceberem que primeiro é de se pensar nas linhas. Obviamente, e para descansar os ouvintes quero dizer que, actualmente ninguém pensa construir linhas em bitola europeia que não venham a servir os comboios mais rápidos do mundo. Portanto, as linhas servirão sempre para os futuros comboios. Mas que comboios lá vamos pôr, isso são depois as operadoras que decidem. Até podemos ter apenas os espanhóis a circular na linha. É um cenário perfeitamente possível, se Portugal não tiver dinheiro para comprar comboios!
Portugal tem uma faixa atlântica com portos de excepcional potencialidade, com destaque para o porto de Sines, portos esses que permitem receber e enviar mercadorias. Ora isto só se faz ligando os portos à rede europeia. E isto não está nos planos da RAVE. Querem que explique?
A RAVE planeia fazer uma linha em bitola ibérica – não europeia, note-se – para levar as mercadorias para Espanha. Mas de que é que isso nos serve. Sabe o que isto é? É um favor à empresa Takargo, do grupo mota-engil, que não teve a inteligência para planear antecipadamente a compra de comboios em bitola europeia e que insiste em dizer, ignorantemente, que a Espanha ainda levará muito tempo a mudar a sua bitola.
Já a linha europeia Poceirão-Badajoz está, felizmente, preparada para mercadorias, mas há especialistas que dizem que a tonelagem por eixo permitida nessas vias não é de grandeza suficiente para acautelar o futuro. (17 vs. 25 toneladas)
O únicos países que têm TVG são os países que os constroem! Já repararam nisto? Nós temos de começar do princípio. O nosso comboio mais rápido, o Alfa, que faz Lisboa-Porto em 2h e 35, fá-lo a uma velocidade média de cerca de 120 Km/h! Alguém acredita que podemos dar o salto tecnológico para o dobro, num país sem metalurgia, sem metalo-mecânica?
E os partidos não percebem nada disto. É lamentável mas é a verdade. Nem sabem falar português: estão sempre a falar do TGV: uns são a favor, outros contra. Devíamos ser contra a importação de material circulante estrangeiro, devíamos ser a favor da construção de linhas de bitola europeia, e ser imediatamente a favor do ressurgimento da SOREFAME, uma das melhores empresas que Portugal teve. Srs. Deputados, façam o trabalho de casa!
Muitos falam em ligar Portugal à Europa por TGV. Mas, alguém conhece um Londrino que vá de Londres a Frankfurt de TGV??? O que é importante são as mercadorias. E essas não andam de TGV! Andam em comboios a 80-160 Km/h!
Em relação ao Aeroporto, a Portela não está esgotada. Eu só faço uma pergunta: se hoje fosse aberto à operação aérea comercial um aeroporto na região de Lisboa, complementar à Portela, quantos aviões é que os senhores deputados pensam que iam lá aterrar? Com sorte uns 5! O primeiro sinal de que um aeroporto está saturado é o facto de ter slots esgotados e tê-los esgotados por aviões de grande capacidade. Ora quantos Jumbos aterram em Lisboa por semana? Salvo erro 1! Mais de 85 % do tráfego é feito por aviões narrow-body, (um só corredor) que são aviões com capacidade para 150 a 180 passageiros.
(Para terminar, e isto não estava no texto para a TSF, tenho a dizer o seguinte: quem insiste em continuar a falar em TGV nem na Cercis devia ser admitido.
Mais: quando é que o PCP, os Verdes, e o Bloco de Esquerda defendem os operários portugueses e defendem a reabertura da Sorefame? Quando? Já percebemos que os partidos de direita (PSD, CDS, e PS se estão nas tintas para isso.) Mas e os de esquerda??? Defendem os operários portugueses ou os franceses e os alemães e os espanhóis, que são os que fabricam os comboios que o Governo quer ter?)

1 comentário:

  1. -Fala-se neste assunto, os xuxas dizem: é inveja, é populismo.
    -Fala-se nos Bónus, os xuxas dizem: é inveja, é populismo.
    -Fala-se nos salários astronómicos, os xuxas dizem: é inveja, é populismo.
    -Fala-se nos BMW, os xuxas dizem: é inveja, é populismo.
    -Fala-se nos Boys das empresas publicas,os xuxas dizem: é inveja, é populismo.
    -Fala-se nas mordomias dos politicos e gestores, os xuxas dizem: é inveja, é populismo.
    - Falam nas reformas dos politicos, gestores, administradores,etc, os xuxas dizem: é inveja, é populismo.
    - Falam nas segundas e terceiras reformas da classe dirigente,os xuxas dizem: é inveja, é populismo

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A história dá boas lições que os governantes teimam em não aprender.

A história dá boas lições que os governantes teimam em não aprender.
Os nossos governantes dizem e fazem precisamente o contrario do que já os imperadores da Roma antiga sabiam.